Guiados pelo
Espírito Santo
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“Ele vos guiará
em toda a verdade”
(João 16.13)
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Lemos em Mateus 4.1 que Jesus foi
conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo Diabo. Era
de se imaginar que Jesus não precisasse ser orientado por outra pessoa.
Entretanto, precisava. Ao descer da sua glória, ele abriu mão de suas
prerrogativas divinas, incluindo sua onisciência, para se tornar semelhante a
nós. Estando na condição humana, Cristo não sabia de todas as coisas
(Mc.13.32). Por isso precisava ser conduzido pelo Espírito Santo. Se Jesus
precisou, quanto mais nós! Afinal, todos os filhos de Deus precisam e devem ser
guiados por ele (Rm.8.14). Jesus nos deu, portanto, valioso exemplo nesse
sentido. Se o Mestre, sendo quem é, não viveu de modo independente, muito menos
nós poderíamos viver.
A bíblia fala sobre dois modos de vida
através das expressões: "andar segundo a carne" e "andar em
Espírito" (Gl.5.16; Rm.8.1). Andar na carne é viver de acordo com os
desejos carnais, conduzindo a si mesmo segundo os preceitos humanos e mundanos
(ICor.3.3). Andar em Espírito é ser levado pelo Espírito Santo. É andar com
Deus como Enoque andou (Gn.5.24).
Queremos que Deus ande conosco, mas o que
precisamos é andar com ele, e isso é totalmente diferente. Se andamos com o
Senhor, vamos para onde ele quer.
Queremos que Deus nos acompanhe, mas devia
ser o contrário. Nós é que somos os seguidores, e seguidor não escolhe a
direção, escolhe apenas a quem seguir. Não é razoável que o pastor siga as
ovelhas, a não ser que esteja procurando aquela que se desviou.
Queremos que o Espírito Santo nos leve, desde
que seja para o lugar que nós apontamos. Assim não está certo. Escolhemos um
emprego e queremos que Deus nos coloque lá de qualquer jeito, quando deveríamos
pedir que, antes de tudo, a sua vontade fosse feita e não a nossa (Mt.6.10;
Mt.26.39). Fazemos planos e queremos determinar que Deus os realize. Assim,
estamos tentando levar o Senhor para andar nos nossos caminhos. Ele pode até
realizar alguns dos nossos sonhos e desejos, mas a nossa atitude deve ser de
submissão, permitindo que ele nos conduza por onde ele desejar.
"Guia-me pelas veredas da
justiça, por amor do teu nome" (Salmo 23.3).
Para onde o Espírito Santo nos levará?
Para os lugares determinados pelo Pai. Ele levou Jesus ao deserto e não a um
passeio turístico. Gostaríamos que o Espírito Santo nos levasse apenas a
lugares agradáveis, mas ele certamente nos levará a lugares necessários, a
situações e experiências diversas, que podem ser aprazíveis ou não. A vida do
cristão tem fases difíceis, mas que só ocorrem por um propósito de Deus,
contribuindo para o nosso bem e crescimento espiritual.
Jesus foi para o deserto, um lugar onde não
há caminhos e os pontos de referência são raros, mas isso não representa problema
para alguém que é conduzido pelo Espírito Santo. De outro modo, aquele que
viaja no ermo pode ficar desorientado, perdido, correndo o risco de morrer
ali.
A vida humana pode ser assim em alguns
momentos. Quantas pessoas estão vivendo sem direção, sem saber o que fazer nem
para onde ir. Estão desorientadas, perdidas, como ovelhas que não têm pastor
(Mt.9.36). Muitos vivem assim porque não conhecem Jesus, não crêem nele ou não
o receberam como seu Salvador. Mas, o que dizer de cristãos que estão nessa
situação? Só existe uma explicação: deixaram de seguir a direção de Deus. Como
podemos ser guiados por ele? Como alguém pode conhecer e realizar a vontade do
Senhor? Vejamos alguns parâmetros gerais sobre decisões e escolhas:
Não precisamos ficar buscando a vontade de
Deus para coisas pequenas do dia-a-dia, pois isso pode se tornar uma mania, uma
neurose, impedindo-nos de agir. Por exemplo, não é preciso orar para ir à
padaria, nem perguntar ao Senhor a cor da roupa que devemos comprar. Deus nos
deu capacidade e liberdade para resolver essas pequenas questões. Entretanto,
existem decisões em nossas vidas que são muito importantes, pois mudam
completamente o rumo da nossa história. A escolha do curso superior, da
profissão, do emprego, do cônjuge, são apenas alguns exemplos de decisões muito
sérias. Decidir sobre um namoro pode parecer algo de pouca importância, mas,
considerando que o mesmo pode conduzir ao casamento, é necessário que a questão
seja examinada com seriedade. Mudar de igreja ou de cidade pode também alterar
muito a vida de uma pessoa. Nessas horas, precisamos de uma direção segura,
pois as conseqüências, boas ou más, podem ser irreversíveis. Temos liberdade de
escolha, mas só Deus pode nos mostrar a melhor opção. Somos semelhantes ao
motorista numa rodovia, que precisa decidir corretamente diante das
encruzilhadas e trevos, pois o retorno pode ser muito difícil e distante. Em
algumas situações da vida, não há como voltar. É imprescindível, portanto, que
aprendamos a ver e entender os sinais que nos ajudarão a andar no melhor
caminho.
Como descobrir a direção certa?
- Bom senso, inteligência e
conhecimento são importantes e úteis, mas podem não ser suficientes. Use sua
capacidade intelectual, mas não se apóie totalmente nela. Por mais conhecimento
que possamos adquirir, não seremos oniscientes ou prescientes. Portanto, somos
dependentes de Deus.
"Confia no Senhor de todo o teu
coração, e não te estribes no teu próprio entendimento" (Pv.3.5).
- Ouça a voz da consciência, mostrando
o que é certo e o que é errado. Entretanto, isto não é tudo. Como disse o Pr.
Márcio Valadão, “se vamos fazer ou deixar de fazer alguma coisa, não é apenas
por se tratar de algo certo ou errado, mas por estar ou não de acordo com a
vontade de Deus para nós”. Podemos estar diante de duas opções certas,
porém existe uma melhor que a outra. Precisamos da direção divina para escolher
bem.
- Ore, entregue a vida a Deus, peça a
ele orientação (Salmo 37.5). Um filho que se recusa a pedir o conselho
dos pais age como se fosse órfão. Quando tomamos decisões sem orar, a
responsabilidade é toda nossa. Quando oramos, dividimos a responsabilidade com
Deus. O Senhor responde de várias formas. Podemos ouvir a sua voz diretamente,
mas ele nos fala também através da bíblia e das pessoas que estão à nossa
volta.
- Conheça a bíblia e siga os seus
princípios. Não se trata de imitar os personagens nem de encontrar decisões
prontas. A bíblia nos dá parâmetros para boas escolhas. Se a nossa resolução
estiver de acordo com a justiça, a verdade, a fé, a misericórdia e a bondade, é
bem provável que esteja correta. Por outro lado, se você sabe que a bíblia
proíbe algo, não adianta orar e pedir direção de Deus sobre o assunto.
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai”. (Fp.4.8). Creio que essa lista de valores deve ser
também a base para as nossas decisões e escolhas.
- Ouça o conselho das pessoas mais
experientes, principalmente daqueles que exercem autoridade sobre você. A
orientação dos líderes deve ser seguida enquanto estiver de acordo com os
princípios bíblicos.
“Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos
caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e
andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas...”. (Jr.6.16).
Em assuntos de ordem pessoal, o líder
eclesiástico deve orientar, mas não pode tomar decisões no lugar dos
liderados. Se você sabe que a bíblia ordena ou proíbe algo, não é
necessário pedir orientação do líder.
- Além de todos os meios já citados, o
cristão pode contar com a direção do Espírito Santo, conforme falamos no
início. Ele é uma pessoa que tem vontade própria e se expressa de várias
maneiras, inclusive por meio dos dons espirituais (ICor.12; At.13.1-2). Uma de
suas principais funções neste mundo é nos conduzir à verdade (João 16.13 ).
Quando não ouvimos claramente a voz do Espírito Santo, creio que ele pode nos guiar
através de uma convicção interior que produz paz em nossos corações.
- Deus nos guia também por meio das
circunstâncias. Vemos isso na história de José do Egito. Ele teve sonhos
proféticos e depois foi conduzido silenciosamente através de fatos diversos que
o levaram ao palácio de Faraó. Quando Deus se cala, devemos apenas confiar
nele.
Se, em algum momento, não houver
direção, não houver certeza, talvez seja melhor não sair do lugar. Nesse caso,
se a decisão puder ser adiada, que seja, mas não por preguiça, medo,
negligência ou covardia.
Quando Israel viajava pelo deserto, havia uma
nuvem que o guiava (Num.9.15-23). Se a nuvem estivesse parada, o povo deveria
permanecer naquele lugar. Existem momentos em que devemos esperar, com
paciência, até que recebamos uma ordem, uma orientação ou um sinal.
Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao
deserto, mas ele não ficaria ali para sempre. O deserto pode ser uma passagem,
mas não uma morada. Depois, Cristo voltou para a cidade e foi exercer seu
ministério. Queremos fazer a obra de Deus com êxito e vitória? Precisamos
enfrentar o deserto, conduzidos pelo Espírito Santo.
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