Descanso à sombra do Onipotente:
Laços e setas
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás;
a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao
meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Jesus identificava as armadilhas engendradas pelos homens (laço do
passarinheiro) através de suas palavras cheias de engano e malícia, a
verdadeira ‘peste perniciosa’ que arrebata a alma dos incautos ( Jo 10:10 ).
Desde o Éden a ‘peste perniciosa’ assola a humanidade, pois um pecou e todos
pecaram. Um morreu e todos morreram ( 1Co 15:21 -22), e passaram a falar
segundo os seus corações mentirosos ( Sl 58:3 ). A peste perniciosa não se
assemelha a peste negra que dizimou a Europa. Nem tão pouco diz de agentes
químicos ou de armas biológicas.
Os filhos do povo do Messias armaram diversas armadilhas com o fito de
‘pegar’ o Cristo nalguma contradição, porém, somente eles permaneceram
enlaçados “Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida. Cavaram
uma cova diante de mim, porém eles mesmos caíram no meio dela” ( Sl 57:6 ; Sl
56:5 ; Mt 22:17 ; Jo 8:5 ); “Por isso também na Escritura se contém: Eis que
ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer
não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os
rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da
esquina, E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam
na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados” ( 1Pe 2:6
-8; Rm 9:33 ).
O Filho de Davi desde o ventre de Maria era livre do pecado (a peste
perniciosa), visto que Ele foi lançado na madre ( Sl 22:10 ) e gerado por Deus
( Sl 2:7; 2Sm 7:14 ). Todos os descendentes da carne de Adão, a porta larga por
quem todos os homens entram ao virem ao mundo foram contaminados pelo pecado (o
mesmo que ser vendidos ao pecado como escravos), porém, Jesus, o último Adão,
Ele é a porta estreita pela qual todos os homens que creem torna-se livres do
pecado.
A proteção de Deus dispensada ao Messias era específica: “Ele te cobrirá
com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te confiarás” (v. 4). Da mesma forma
que a galinha protege os seus pintainhos debaixo de suas asas, o Cristo estava
seguro debaixo das asas do Onipotente “TEM misericórdia de mim, ó Deus, tem
misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas
me abrigo, até que passem as calamidades” ( Sl 57:1 ; Sl 63:7 e Sl 61:4 ).
A verdade ou a fidelidade de Deus foi constituída como escudo e broquel
do Messias. Todos os adversários vieram contra Ele utilizando-se de palavras de
engano, mas na Palavra de Deus (verdade e fidelidade) estava a defesa de
Cristo. Diante dos religiosos Judeus, Jesus apresentou as Escrituras em sua
defesa. Quando tentado pelo diabo no deserto, Cristo fez uso das Escrituras.
Há pessoas que ficam até arrepiadas quando leem o verso seguinte por
falta de compreensão: “Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de
dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao
meio-dia” (v. 5 ). Este verso é resumo do exposto profeticamente pelo Salmo 64:
“OUVE, ó Deus, a minha voz na minha oração; guarda a minha vida do temor do
inimigo. Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que praticam
a iniquidade. Que afiaram as suas línguas como espadas; e armaram por suas
flechas palavras amargas, A fim de atirarem em lugar oculto ao que é íntegro;
disparam sobre ele repentinamente, e não temem. Firmam-se em mau intento; falam
de armar laços secretamente, e dizem: Quem os verá? Andam inquirindo malícias,
inquirem tudo o que se pode inquirir; e ambos, o íntimo pensamento de cada um
deles, e o coração, são profundos” ( Sl 64:1 -6).
Os soldados quando no campo de batalha são atormentados pelo medo do
inimigo. Durante a noite são atormentados ante a possibilidade do ataque
sorrateiro do inimigo e, durante o dia o terror abate seus corações por causa
dos perigos que representam as flechas inimigas. As perguntas se avolumam: –
Será que o inimigo atacará durante a noite? O inimigo nos tem sobre a mira por
causa da claridade do dia? Estas questões não se afastam dos que estão no campo
de batalha.
Mas, por confiar no Pai é que a confiança do Messias é expressa no Salmo
64: - Guarda a minha alma do temor do inimigo! (v. 1) Quais seriam as armas dos
inimigos dos Messias? A língua! "A minha alma está entre leões, e eu estou
entre aqueles que estão abrasados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e
flechas, e a sua língua espada afiada" ( Sl 57:4 ); "Aguçaram as
línguas como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus
lábios" ( Sl 140:3 ).
Os inimigos de Davi possuíam espadas afiadas, mas o Filho de Davi, o
Messias, enfrentaria homens que possuíam as línguas afiadas como se fossem
espadas. As setas deles constituíam-se em palavras amargas! Secretamente
engendravam planos para dar cabo do Messias ( Jo 11:53 ), mas sendo a Palavra
de Deus escudo e broquel, o Messias não seria atingido.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua
habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em
todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em
pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em
retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela
o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.
O Cristo não precisou lançar mão da vingança em relação aos ímpios, pois
lhe foi prometido que Ele haveria de ver a recompensa deles ( Sl 56:7 ). Cristo
escolheu o Senhor como refúgio, o Deus que tudo executou para o Messias ( Sl
57:2 –3), de modo que o Senhor O fez assentar a sua direita até que todos seus
inimigos estivessem subjugados ( Sl 110:1 ).
Todas as promessas seriam levadas a efeito porque o Messias se refugiou
na obediência a palavra de Deus. O Verbo encarnado passou a descansar à sombra
do Onipotente, pois fez do pai o seu alto refúgio ( Sl 57:1 ). Há uma grande
diferença entre ‘habitar’ no esconderijo do Altíssimo e ‘refugiar’ no
Altíssimo. Refugiar-se é obedecer ao Pai que provê proteção, ‘habitar’ diz de
estar com Deus.
Vale salientar aqui que o verso 10 demonstra que, apesar da proteção
dada ao Messias, Ele não teria possessão permanente neste mundo. Do mesmo modo
que o crente Abraão não construiu casa na terra da promessa, antes habitou em
tendas em função de aguardar a cidade que tem fundamentos ( Hb 11:9 -10), de
Cristo foi predito que nenhum mal chegaria a sua tenda, indicando que Ele não
faria casa neste mundo "E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves
do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" ( Lc
9:58 ).
Embora os anjos estivessem à disposição do Messias para protegê-Lo
sustendo-O em suas mãos para não tropeçar, protegendo-O em todos os seus
caminhos, o Filho do homem não teve aqui possessão permanente. Embora o Salmo 2
diga que como Rei, Cristo terá as nações por herança, mas na condição de servo,
nada usurpou.
Foi dado ao Filho do homem calcar os pés o leão e a serpente. Somos
informados pelo Salmo 57 que os homens são comparáveis às bestas famintas, ou
seja, leões “A minha alma está entre leões; estou deitado entre bestas
famintas, homens cujos dentes são lança e flechas, e cuja língua é espada
afiada” ( Sl 57:4 ).
Acerca da serpente temos uma profecia no Gênesis: “E porei inimizade
entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” ( Gn 3:15 ), ou seja, o diabo é
a antiga serpente ( Ap 12:9 ).
Em função de ter honrado, obedecido ao Pai na condição de Servo, Deus
promete livramento e promete estar com o Messias no momento da angustia. Por
ter conhecido o Pai, ou seja, ser um com Ele, quando invocasse o Seu nome, Deus
esteve com Ele na angustia e glorificado, de modo que seria farto de dias para
sempre, eternamente.
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